"Porque assim diz o Senhor, que criou os céus,
o Deus que formou a terra, que a fez e a estabeleceu; que não a criou para ser
um caos, mas para ser habitada: Eu sou o Senhor, e não há outro." (Isaías
45:18)
"No princípio criou Deus os céus e a terra. A
terra, porém, tornou-se sem forma e vazia" (Gn 1:2a). (versão
de Shedd).
Conforme o profeta Isaías, Deus não criou a terra para ser um caos, mas
apesar disso, ela se tornou caótica. Por quê? Algo terrível deve ter
acontecido entre os primeiros dois versos da Bíblia (Gn 1:1-2) para que a
terra se encontrasse neste estado deplorável. Pember, um renomado e erudito
estudioso da Bíblia explana que a rebelião de Satanás se encaixa exatamente
entre o versículo 1 e 2 de Gênesis 1, sendo a causa de a terra ter-se tornado
sem forma e vazia. (Sobre esse assunto há
um excelente livro de dois volumes intitulado "As Eras
Mais Primitivas da Terra", de G. H. Pember. No primeiro volume,
Pember mostra que a terra não foi criada sem forma e vazia, que esse estado foi
resultado da rebelião de Lúcifer. Sua abordagem com respeito à queda de Lúcifer
em Isaías e Ezequiel descortina uma grande revelação do Senhor. Sua explicação
para a "origem" dos demônios é forte e ousada, fundamentada na
Bíblia. No segundo volume, Pember revela que as raízes mais antigas
para o atual movimento ocultista estão exatamente na queda de Lúcifer e nas
religiões mais primitivas, que se formaram a partir dela.)
Uma vez saindo de seu estado original, a terra precisava ser
restaurada pelo Deus Triúno: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
- O Pai, como o Criador, passa então a restaurar todas as coisas pela Palavra, a partir do terceiro versículo de Gênesis 1. "Disse Deus..."
- O Espírito de Deus, "pairava por sobre as águas", como marco divisor, de separação entre as águas de cima (vida) das águas de baixo (julgamento).
- E o Filho, onde estava Ele? Por um lado, sabemos que o própiro universo foi feito por intermédio dele (Hb 1:2b). Mas, para elucidar o outro lado desta questão, em alusão ao Messias, o salmista Davi apresenta-nos o clamor do Filho: "Salva-me, ó Deus, porque as águas me sobem até à alma... estou na profundeza das águas... seja eu salvo... das profundezas das águas... Responde-me depressa" (Sl 69:1, 2,14,17). De fato, o Cordeiro "já havia sido morto desde a fundação do mundo" (Ap 13:8b), mas ao terceiro dia ressuscitou, Aleluia! Pois, em Gênesis, Deus lhe respondeu depressa, dizendo, "apareça a porção seca. E assim se fez... Houve tarde e manhã, o terceiro dia" (Gn 1:9, 13). O Filho é a nossa "porção seca" que apareceu, ressurgiu no terceiro dia, vencendo a morte e seus grilhões, saindo vitorioso e glorioso da morte que não o pôde reter, das águas do julgamento!
Quanto aos demônios, estes pereceram no mar, julgados pelas
águas. Inclusive, o apóstolo João viu que do mar emergirá a besta (Ap
13:1), lugar propício aos demônios. Lembremo-nos dos porcos da terra dos
gadarenos quando receberam os demônios: "a manada se precipitou
despenhadeiro abaixo, para dentro do mar, e nas águas pereceram" (Mt
8:28).
E quanto a nós? Ah, nós fomos agraciados por Deus, pois Ele "nos
fez entrar numa boa terra"
(Dt 8:7), ou seja, na porção seca, em Jesus Cristo, onde temos "os
melhores frutos da terra e a sua plenitude"
(Dt 33:16), "Pois foi do agrado de Deus que nele habitasse toda a plenitude." (Cl 1:19).
Toda a plenitude, certamente refere-se à plenitude do Deus único, ou seja,
Pai, Filho e Espírito plenamente expressos. Continuando o texto de Dt
8:7, vemos que era uma "terra de ribeiros
de águas, de fontes, de
mananciais
profundos":
- O Espírito Santo, como os ribeiros, produzindo vida, pois "onde o rio fluir, tudo viverá" (Ez 47:9)
- O Filho, como a nossa "fonte da salvação eterna" (Hb 5:9), "fonte de ânimo para mim" (Cl 4:11), e "fonte de água a jorrar para a vida eterna" (Jo 4:14).
- O Pai, como o "manancial de águas vivas" (Jr 2:13).
Este é o mistério da Trindade revelado na boa terra: o Pai como o manancial que é oculto
e inacessível, tornando-se acessível unicamente através de uma fonte, seu Filho Jesus, que flui até nós através
do Espírito, como os ribeiros. Tanto no manancial, como na
fonte e nos ribeiros, a água é a mesma. Cabe-nos apenas atender ao convite
gracioso de nosso Senhor: “Venham, todos vocês que estão com sede, venham às
águas" (Is 55:1).
Obrigado, Senhor!