Contexto
Logo após a manifestação
explícita do maligno desejo do homem: “tornemos
célebre o nosso nome” (Gn 11:4) que se daria pela edificação da torre
de Babel, o Senhor desceu e viu: “Eis que
o povo é um... Isto é apenas o começo, agora não haverá restrição para tudo que
intentam fazer” (v. 6). Assim, dispersou a todos e confundiu sua linguagem
(v.9).
Passaram-se centenas e centenas
de anos e nada de importante havia acontecido, até o advento do nascimento de
Abrão (v. 26) e a este especificamente o Senhor chamou e lhe fez uma promessa
dizendo: “de ti farei uma grande nação, e
te abençoarei, e te engrandecerei o nome” (Gn 12:2). O próprio
Senhor se incumbiu de lhe engrandecer o nome, contrariamente à tentativa
fracassada daqueles da torre de Babel.
O Chamamento de Abraão
Ao chamar Abrão, a ordem era de
separação para o cumprimento da promessa de Deus. Ele deveria sair de sua
terra, da sua parentela e da casa de seu pai e ir para a terra que Deus lhe
mostraria (v.1), mas Abrão achou por bem levar muitos outros consigo (v. 5).
Mais tarde, no entanto, houve separações importantes na descendência imediata
de Abraão, em fases distintas:
·
Abrão e seu sobrinho Ló separam-se (Gn 13)
·
Abraão separou os filhos das concubinas de seu
filho Isaque (Gn 25:5)
·
(Mas, Ismael se estabeleceu fronteiro a seus
irmãos) – (Gn 16:12; 25:18)
·
Abimeleque separa-se de Isaque (Gn 26:16)
·
(Esaú se une à casa de Ismael, em rebeldia aos
pais) (Gn 28:9)
·
Jacó foge da presença de Esaú (Gn 28:5)
·
Jacó foge da presença de Labão (Gn 31:20,21)
·
Jacó se reconcilia com Esaú, mas não segue junto
com ele (Gn 33:15-17)
A terra a que se referia o Senhor
era Canaã e “ali edificou Abrão um altar
ao Senhor, que lhe aparecera” (v. 5-7). Passando dali, entre as cidades de
Betel e Ai “edificou um altar ao Senhor e
invocou o nome do Senhor” (v. 8). Abrão era peregrino, nômade, um homem de
altar e tendas. Betel significa “casa de Deus” e Ai significa “ruínas”. “Depois, seguiu Abrão dali, indo sempre para o Neguebe” (v. 9) e,
por causa da fome que assolava a terra, fez uma interrupção em sua jornada, “desceu, pois, Abraão ao Egito, para aí
ficar”. Resolveu se fixar em um lugar, e logo no Egito. Podemos entender que permanecer
entre a verdadeira casa de Deus que é a Igreja restaurada e um lugar de ruínas,
o mundo, por exemplo, ou a religiosidade caída, acaba-nos conduzindo para uma
situação de morte espiritual,
representada pela fome no Egito.
Sara, o centro das atenções!
É nessa situação que aparece
Sara, que significa “princesa”, como o centro das atenções, primeiramente de
Abrão, seu esposo, depois dos egípcios, em seguida dos príncipes de Faraó, do
Faraó mesmo e, principalmente, do próprio Senhor:
·
De Abrão:
“Ora, bem sei que és mulher de formosa
aparência... Dize, pois, que és minha irmã, para que me considerem por amor
de ti e, por tua causa, me conservem a vida” (v. 11-13).
·
Dos
egípcios: “viram os egípcios que a
mulher era sobremaneira formosa” (v. 14)
·
Dos
príncipes de Faraó: “Viram-na os
príncipes de Faraó e gabaram-na junto dele”, ou seja, junto do próprio
Abrão. (v. 15)
·
Do Faraó:
“Este, por causa dela, tratou
bem a Abrão”, que se tornou homem rico
(v. 16) e tomou Sarai para ser sua mulher (v. 19).
·
Do
Senhor: “Porém o Senhor puniu a Faraó
e a sua casa com grandes pragas, por causa de Sarai, mulher de Abrão”
(v. 17).
Faraó repreendeu severamente a
Abrão e disse “toma-a e vai-te” (v.
20). Foi assim que ele retomou a sua viagem para o Neguebe. Em seguida, “Fez as suas jornadas do Neguebe até Betel,
até ao lugar onde primeiro estivera a sua tenda, entre Betel e Ai” (v. 3).
Por causa das riquezas, começaram
a surgir contendas entre Abrão e Ló e, pacificamente, Abrão sugeriu que seu
sobrinho escolhesse o seu rumo, que ele seguiria para o outro lado. Ló escolheu
a planície: “Levantou Ló os olhos e viu toda
a campina do Jordão, que era toda bem regada, como o jardim do Senhor, como a
terra do Egito” (v. 10). Abrão teve
que seguir para o lugar mais montanhoso. “Disse o Senhor a Abrão, depois que Ló se separou dele: Ergue os
olhos e olha...” (v. 14). Do alto, ele pôde contemplar toda a terra de
Canaã e recebeu a promessa do Senhor: “toda
esta terra que vês, eu ta darei, a ti e à tua descendência, para sempre.”
(v. 15). Neste ínterim, “Ló ia armando as
suas tendas até Sodoma. Ora, os homens de Sodoma eram maus e grandes pecadores
contra o Senhor” (v. 12,13). Muito tempo depois, em uma guerra de quatro reis
contra cinco (14:1,2) Ló foi levado cativo e perdeu tudo o que tinha (14:12),
tendo sido oportunamente libertado por seu tio Abrão, recuperando tudo o que havia
perdido (v. 14-16).
Abraão e seu sobrinho
O prêmio de Abraão
Sucedeu que Abrão foi abençoado
por Melquisedeque, “sacerdote do Deus Altíssimo” (v.18) e “Depois destes acontecimentos, veio a palavra do Senhor a Abrão, numa
visão”: o Senhor lhe seria por escudo e ele receberia um galardão
sobremodo grande (15:1).
O processo de geração da descendência
prometida a Abrão foi complexo e cheio de interpretações pessoais problemáticas:
1. A interpretação de Abrão: o herdeiro seria o seu servo Eliézer
O Senhor havia-lhe prometido: “Farei a tua descendência como o pó da terra” (13:16). Abrão interpretou que o seu servo, criado em sua casa, poderia ser considerado o seu descendente e desabafou: “Senhor Deus, que me haverá de dar, se continuo sem filhos e o herdeiro da minha casa é o damasceno Eliézer?” (v. 2) e citou o código de Hamurabi, vigente na época, dizendo “um servo nascido na minha casa será o meu herdeiro” (v. 3). A resposta do Senhor foi imediata: “Não será este o teu herdeiro” (v. 4a).
O Senhor havia-lhe prometido: “Farei a tua descendência como o pó da terra” (13:16). Abrão interpretou que o seu servo, criado em sua casa, poderia ser considerado o seu descendente e desabafou: “Senhor Deus, que me haverá de dar, se continuo sem filhos e o herdeiro da minha casa é o damasceno Eliézer?” (v. 2) e citou o código de Hamurabi, vigente na época, dizendo “um servo nascido na minha casa será o meu herdeiro” (v. 3). A resposta do Senhor foi imediata: “Não será este o teu herdeiro” (v. 4a).
2. A interpretação de Sara: o herdeiro viria de sua serva Agar com Abrão: Ismael
O Senhor especifica um pouco mais a sua promessa: “... mas aquele gerado de ti será o teu herdeiro” (v. 4b). Com base nestas palavras, Sarai encontrou lugar para oferecer a sua ajuda, tendo em mente o mesmo código de Hamurabi e sem desconsiderar que o filho seria de fato gerado de seu marido. “Disse Sarai a Abrão: Eis que o Senhor me tem impedido de dar à luz filhos; toma, pois, a minha serva, e assim me edificarei com filhos por meio dela. E Abrão anuiu ao conselho de Sarai.” (16:2). “Sarai, mulher de Abrão, tomou a Agar, egípcia, sua serva e deu-a por mulher a Abrão... Ele a possuiu , e ela concebeu” (v. 3,4). Como conseqüência, Agar desprezou sua senhora, Sarai e, por isso, foi por ela humilhada, fugindo de sua presença. O Anjo do Senhor a encontrou e ordenou que voltasse e se humilhasse, pois seria abençoada com uma numerosa descendência. O seu filho se chamaria Ismael e habitaria fronteiro a todos os seus irmãos (v. 4-12). “Era Abrão de oitenta e seis anos, quando Agar lhe deu à luz Ismael” (v. 16). Por causa disso, perdeu a presença do Senhor por treze anos.
O Senhor especifica um pouco mais a sua promessa: “... mas aquele gerado de ti será o teu herdeiro” (v. 4b). Com base nestas palavras, Sarai encontrou lugar para oferecer a sua ajuda, tendo em mente o mesmo código de Hamurabi e sem desconsiderar que o filho seria de fato gerado de seu marido. “Disse Sarai a Abrão: Eis que o Senhor me tem impedido de dar à luz filhos; toma, pois, a minha serva, e assim me edificarei com filhos por meio dela. E Abrão anuiu ao conselho de Sarai.” (16:2). “Sarai, mulher de Abrão, tomou a Agar, egípcia, sua serva e deu-a por mulher a Abrão... Ele a possuiu , e ela concebeu” (v. 3,4). Como conseqüência, Agar desprezou sua senhora, Sarai e, por isso, foi por ela humilhada, fugindo de sua presença. O Anjo do Senhor a encontrou e ordenou que voltasse e se humilhasse, pois seria abençoada com uma numerosa descendência. O seu filho se chamaria Ismael e habitaria fronteiro a todos os seus irmãos (v. 4-12). “Era Abrão de oitenta e seis anos, quando Agar lhe deu à luz Ismael” (v. 16). Por causa disso, perdeu a presença do Senhor por treze anos.
3.
O
cumprimento da promessa do Senhor: o herdeiro veio de Abraão e Sara: Isaque
”Quando atingiu Abrão a idade de noventa e nove anos, apareceu-lhe o Senhor e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda na minha presença e sê perfeito”. Deus lhes mudou o nome para Abraão e Sara (v. 5,15) e fez aliança com ele: “Far-te-ei fecundo extraordinariamente” (17:1,6). “Sara, tua mulher, dará a luz” (18:10). “Riu-se pois Sara no seu íntimo” (v. 12). Ela já achava demais ter Ismael como filho (17:18) “Visitou o Senhor a Sara... e o Senhor cumpriu o que lhe havia prometido. Sara concebeu e deu à luz um filho a Abraão na sua velhice... Ao filho que lhe nasceu... pôs Abraão o nome de Isaque.” (21:1)
”Quando atingiu Abrão a idade de noventa e nove anos, apareceu-lhe o Senhor e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda na minha presença e sê perfeito”. Deus lhes mudou o nome para Abraão e Sara (v. 5,15) e fez aliança com ele: “Far-te-ei fecundo extraordinariamente” (17:1,6). “Sara, tua mulher, dará a luz” (18:10). “Riu-se pois Sara no seu íntimo” (v. 12). Ela já achava demais ter Ismael como filho (17:18) “Visitou o Senhor a Sara... e o Senhor cumpriu o que lhe havia prometido. Sara concebeu e deu à luz um filho a Abraão na sua velhice... Ao filho que lhe nasceu... pôs Abraão o nome de Isaque.” (21:1)
Agar e Sara: Escravidão pela Lei x Liberdade pela Graça
Agar e Sara são uma alegoria das
duas alianças, uma para a escravidão e outra para a liberdade. “Estas coisas são alegóricas; porque estas
mulheres são duas alianças; uma na verdade, se refere ao Monte Sinai, que gera
para a escravidão; esta é Agar... Mas a Jerusalém lá de cima é livre, a qual é
nossa mãe... Vós, porém, irmãos, sois filhos da promessa, como Isaque... E,
assim, irmãos, somos filhos não da escrava e sim da livre.” (Gl 4:24-31).
“Para a liberdade foi que Cristo nos libertou” (Gl 5:1).
Eu creio!
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