Podemos aprender com o duplo chamamento de Abraão que Deus nos chama a uma experiência de consagração.
Abraão teve uma vida de altar e tendas, ou seja, de consagração e desprendimento das coisas terrenas. Em sua vida, Abraão erigiu quatro altares em lugares muito significativos: Moré; entre Betel e Ai; Manre; e Moriá.
- Moré - "Passou Abrão pela terra até o lugar de Siquém, até o carvalho de Moré. Nesse tempo estavam os cananeus na terra. Apareceu, porém, o Senhor a Abrão, e disse: Darei à tua descendência esta terra. Abrão, pois, edificou ali um altar ao Senhor, que lhe aparecera." (Gn 12:6,7). Moré tem o sentido de ser tosquiado, esfregado, polido. Em sua primeira experiência de consagração, Abrão precisava diminuir para o Senhor crescer na vida dele. Daí a necessidade de ser tosquiado, esfregado e polido. O resultado da consagração são cinzas. "Convém que Ele cresça e que eu diminua" (Jo 3:30).
- Entre Betel e Ai - "Então passou dali para o monte ao
oriente de Betel, e armou a sua tenda, ficando-lhe Betel ao ocidente, e
Ai ao oriente; também ali edificou um altar ao Senhor, e invocou o nome
do Senhor." (Gn 12:8). Em sua segunda experiência de consagração,
Abrão teve o discernimento entre a "Casa de Deus" (Betel) e o "Monte de
Ruínas" (Ai), que é o mundo. Após isso, houve fome na terra e ele achou
por bem descer ao Egito, que representa o mundo da subsistência: "Ora, havia fome naquela terra; Abrão, pois, desceu ao Egito, para peregrinar ali, porquanto era grande a fome na terra." (Gn 12:10), trazendo-lhe grandes problemas com Faraó, que representa o Inimigo de Deus: "Feriu, porém, o Senhor a Faraó e a sua casa com grandes pragas, por causa de Sarai, mulher de Abrão.". Abrão, então, viu que lhe era necessário voltar exatamente para o ponto de onde tinha partido: "Nas
suas jornadas subiu do Negebe para Betel, até o lugar onde outrora
estivera a sua tenda, entre Betel e Ai, até o lugar do altar, que dantes
ali fizera; e ali invocou Abrão o nome do Senhor." (Gn 13:3-4).
Deste fato podemos aprender a lição que ao nos consagrarmos ao Senhor,
vemos logo a necessidade de edificarmos a Casa de Deus e que já não mais
servimos para o mundo, pois não passa de um monte de ruínas.
- Manre, em Hebrom - "Então mudou Abrão as suas tendas, e foi habitar junto dos carvalhos de Manre, em Hebrom; e ali edificou um altar ao Senhor." (Gn 13:18). Hebrom significa "associação" e Manre significa "força e vigor". Assim, em sua terceira experiência de consagração, Abrão reconhece a sua fraqueza e se associa à força do Senhor. Quando somos fracos é que somos fortes. "Diga o fraco: sou forte" (Jl 3:10). "Quando sou fraco, então, é que sou forte" (2Co 12:10).
- Moriá - "Prosseguiu Deus: Toma agora teu filho; o teu único filho, Isaque, a quem amas; vai à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre um dos montes que te hei de mostrar...Havendo eles chegado ao lugar que Deus lhe dissera, edificou Abraão ali o altar e pôs a lenha em ordem; o amarrou, a Isaque, seu filho, e o deitou sobre o altar em cima da lenha" (Gn 22:2,9). Moriá significa "lugar escolhido por Deus". Moriá tem raiz em Moré (polido, tosquiado). Abrão precisava assumir a responsabilidade (Siquém = "ombros") e permitir-se ser trabalhado por Deus (polido) para conhecer a Sua perfeita vontade. Em sua quarta experiência de consagração, Abrão reconheceu que Deus é quem escolhe o lugar de edificação de Sua casa, independente de preferências humanas. De fato, o monte Moriá, que fica do lado oriental de Jerusalém, foi o lugar onde Salomão edificou o templo: "Então Salomão começou a edificar a casa do Senhor em Jerusalém, no monte Moriá, onde o Senhor aparecera a Davi, seu pai, no lugar que Davi tinha preparado na eira de Ornã, o jebuseu" (2Cr 3:1).
Entendo que esta é a verdadeira experiência de consagração, que podemos aprender na rota dos altares erigidos por Abraão, de Moré a Moriá.
Obs.: Recomendamos a leitura do livro "O Duplo Chamamento", de Christian Chen.
Nenhum comentário:
Postar um comentário