A palavra mustërion é derivada de müo
(fechar a boca), significando um segredo ou mistério através da ideia de
silêncio total sobre determinado assunto. Há muitos mistérios relacionados à
vida humana e a maioria de nós já deve ter-se perguntado sobre questões
profundas de nossa existência e propósito.
Filósofos, religiosos, cientistas e outros estudiosos estão sempre em
busca de ordem no universo. Enquanto filosofar significa fazer indagações sobre
questões que incomodam a limitação da compreensão humana causadora de certa
desordem racional; fazer ciência significa encontrar ordem nos objetos de
estudo, visando sempre o bem-estar do homem e reduzir as incertezas que o
cercam constantemente.
De fato, não estamos naturalmente preparados para lidar com a incerteza.
Daí, um dos motivos de nossa inquietação em busca de fontes de conhecimento e
discernimento do certo e do errado, muitas vezes, em detrimento da busca pela
fonte dos mistérios da vida. É como se estivéssemos permanentemente diante das
duas árvores do meio do jardim do Éden: a árvore da vida e a árvore do
conhecimento do bem e do mal. A primeira produz o fruto da vida; e a última, o
fruto do conhecimento e da independência de Deus, com o veneno da morte.
A Bíblia contém a revelação clara de alguns mistérios da humanidade,
chamando-os assim mesmo: “mustërion”. Mistérios precisam ser revelados para
serem compreendidos (Ef 3:3-4). Não é suficiente o estudo ou a investigação
profunda, mas simplesmente a revelação por parte de quem tem autoridade para
fazê-la. Analogamente a um filme de fotografia em sua bobina, as únicas pessoas
que podem dizer sobre o conteúdo do filme são aquelas que participaram dos
cliques da máquina fotográfica ou, então, o laboratório de revelação. No caso
dos mistérios da vida, os cliques foram dados por Deus, registrados no filme da
Palavra e revelados pelo laboratório, que é a igreja, “coluna e baluarte da
verdade” (1 Tm 3:15). Ao laboratório não cabe conjecturar ou realizar
“particular interpretação” (2 Pe 1:20), mas, tão somente, expor o que tem
recebido, com “espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele
[de Deus]” (Ef 1:17). O fato é que o mistério foi “guardado em silêncio desde
os tempos eternos, mas agora manifesto, ... dado a conhecer a todas as nações”
(Rm 16:25-26), o qual “esteve oculto em Deus, que tudo criou” (Ef 3:9; 1 Co
2:7).
A Palavra de Deus contém o registro de vários mistérios, dos quais
citaremos alguns explicitamente declarados como tais e revelados com a vinda de
Cristo:
1. O “mistério do reino de Deus” (Mc 4:11);
2. O mistério da plenitude dos gentios (Rm 11:25);
3. O mistério da transformação (1 Co 15:51);
4. O mistério da vontade de Deus (Ef 1:9);
5. O grande mistério do casamento (Ef 5:32);
6. O “mistério do evangelho” (Ef 6:19);
7. O “mistério de Deus” (Cl 2:2; Ap 10:7);
8. O “mistério de Cristo” (Ef 3:3-4; Cl 4:3);
9. O “mistério da iniqüidade” (2 Ts 2:7);
10. O “mistério da fé” (1 Tm 3:9);
11. O “mistério da piedade” (1 Tm 3:16);
12. O “mistério das sete estrelas, e dos sete candeeiros” (Ap 1:20); e
13. O “mistério da mulher, e da besta” (Ap 17:7).
Por ora, vamos apenas enunciar uma revelação maravilhosa: O mistério do universo é o Pai, o mistério do
Pai é o Filho, e o mistério do Filho é a Noiva. Encorajamos a leitura de
todos os textos bíblicos citados e ressaltamos que, para compreendermos plenamente
tais mistérios, precisamos invocar o nome do Senhor com coração puro, como foi
dito por Deus ao profeta: “Invoca-me e te responderei, e anunciar-te-ei coisas
grandes e ocultas, que não sabes” (Jr 33:3)
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